30 de mai. de 2013

Capitulo 15



“VOCÊ ACHA QUE ELLIOT MATOU ALGUÉM?”
“Shhhh!,” eu alertei Miley, olhando pelas mesas de laboratório para assegurar que ninguém estava entreouvindo.
“Sem ofensa, querida, mas isso está começando a ficar ridículo. Primeiro ele me atacou. Agora ele é um assassino. Foi mal, mas Elliot? Um assassino? Ele é, tipo, o cara mais simpático que eu já conheci. Quando foi a última vez que ele esqueceu de segurar a porta para você passar? Ah, sim, é verdade... nunca.”
Miley e eu estávamos na aula de biologia, e Miley estava de cabeça baixa em uma mesa. Nós tínhamos que analisar a pressão sanguínea do pulso do nosso parceiro, e Miley supostamente deveria estar descansando silenciosamente por cinco minutos. Normalmente eu estaria trabalhando com Joe, mas o Treinador havia nos dado um dia livre, o que significava que estávamos livres para escolher nossos próprios parceiros. Miley e eu estávamos no fundo da sala; Joe estava trabalhando com um garoto chamado Thomar Rookery na frente da sala.
“Ele foi interrogado como suspeito em uma investigação criminal,” eu sussurrei, sentindo os olhos do Treinador pairarem em cima de nós. Eu fiz algumas notas no meu caderno de biologia. O objeto está calmo e relaxado. O objeto já parou de falar há cerca de três minutos e meio. “A polícia obviamente pensou que ele tinha motivos.”
“Você tem certeza que é o mesmo Elliot?”
“Quantos Elliot Saunderer's você acha que estudavam no Kinghorn em fevereiro?”
Miley passou seus dedos pelo estômago. “É que é realmente muito, muito difícil de acreditar. E aliás, e daí se ele foi interrogado? O importante é que ele foi absolvido. Eles não o declararam culpado.”
“Porque a polícia achou uma carta de suicídio no apartamento da Halverson.”
“E que é mesmo a Halverson?”
“Kjirsten Halverson,” eu disse impacientemente. “A garota que supostamente se enforcou.”
“Talvez ela tenha mesmo se enforcado. Quero dizer, e se um dia ela disse, 'Hey, a vida é uma droga', e pulou de uma árvore com uma corda no pescoço? Isso acontece.”
“Você não acha uma coincidência muito grande o apartamento dela ter mostrado evidências de arrombamento quando a carta foi encontrada?”
“Ela morava em Portland. Arrombamentos acontecem.”
“Eu acho que alguém a colocou lá. Alguém que queria Elliot longe de suspeitas.”
“Quem iria querer Elliot longe de suspeitas?”, Miley perguntou.
Eu dei a ela o meu melhor olhar duh.
Miley se sentou reta com a ajuda de seu cotovelo bom. “Então você está dizendo que Elliot levou Kjirsten até uma árvore, amarrou uma corda em seu pescoço, jogou ela lá de cima, depois invadiu o apartamento dela e colocou uma carta falsa de suicídio que provava que ela mesma tinha se matado.”
“Por que não?”
Miley retornou o olhar duh. “Porque os policiais já analisaram tudo. Se eles dizem que foi um suicídio, eu acredito.”
“E que tal isso,” eu disse. “Algumas semanas depois de Elliot ser absolvido, ele se transferiu de escola. Por que alguém iria sair de Kinghorn Prep para estudar no CHS?”
“Você tem um ponto aí.”
“Acho que ele está tentando escapar do passado. Acho que ficou muito desconfortável estudar no mesmo campus onde ele matou Kjirsten. Ele está com a consciência pesada.” Eu encostei meu lápis nos lábios. “Eu preciso ir ao Kinghorn Prep e fazer algumas perguntas. Ela morreu há apenas dois meses; todo mundo ainda deve estar fofocando sobre isso.”
“Eu não sei, Demi. Eu estou sentindo vibrações ruins quanto a iniciar uma operação de espionagem no Kinghorn. Quero dizer, você vai perguntar sobre Elliot, especificamente? E se ele descobrir? O que ele vai pensar?”
Eu a olhei. “Ele só tem algo com o que se preocupar se ele for realmente culpado.”
“E depois ele vai matar você para silenciá-la.” Miley deu um sorriso igual ao do gato Cheshire. Eu não. “Eu quero descobrir quem me atacou tanto quanto você,” ela continuou com uma nota mais séria na voz, “mas eu juro pela minha vida que não foi o Elliot. Eu repassei essa cena na memória, tipo, umas cem vezes. Não combina. Nem chega perto. Confie em mim.”
“Ok, talvez Elliot não atacou você,” eu disse, tentando satisfazer Miley, mas não querendo limpar o nome de Elliot. “Ele ainda tem muitas coisas contra ele. A) ele estava envolvido em uma investigação de assassinato, B) ele é quase simpático demais... é assustador... e C) ele é amigo de Jules.”
Miley franziu o cenho. “Jules? O que há de errado com Jules?”
“Você não acha estranho que toda vez que estamos com eles, Jules vai embora?”
“O que você quer dizer com isso?”
“Na noite em que fomos para Delphic, Jules foi embora quase que imediatamente para usar o banheiro. Ele alguma hora voltou? Depois que eu fui comprar o algodão doce, Elliot o encontrou?”
“Não, mas eu aposto em problemas intestinais.”
“Então, ontem à noite, ele misteriosamente ficou doente.” Eu esfreguei a borracha da ponta do meu lápis no nariz, pensando. “Ele parece ficar doente frequentemente.”
“Eu acho que você está exagerando. Talvez... talvez ele tenha SIF.”
“SIF?”
“A Síndrome do Intestino Frágil.”
Eu descartei a sugestão de Miley para vasculhar a minha mente à procura de uma resposta aceitável. Kinghorn Prep ficava a uma hora de distância de carro. Se a escola era tão rigorosa como Elliot dissera que era, como Jules conseguia tempo para vir a Coldwater visitá-lo? Eu o via toda as manhãs antes da escola no Enzo's Bistro com Elliot. Ainda mais, ele sempre dá uma carona a Elliot depois da escola. Era quase como se Elliot tivesse Jules na palma da mão.
Mas isso não era tudo. Eu esfreguei a borracha com mais força na ponta do nariz. O que eu estava deixando passar?
“Por que Elliot mataria Kjirsten?” Eu me perguntei em voz alta. “Talvez ela o tenha visto fazendo algo ilegal, e ele a matou para silenciá-la.”
Miley soltou um suspiro. “Isso está começando a ir à terra do Isso Absolutamente Não Faz Sentindo Algum.”
“Há algo mais. Algo que nós não estamos vendo.”
Miley me olhou como se a minha lógica estivesse passando as férias em outro planeta. “Pessoalmente, eu acho que você está vendo até demais. Isso está começando a se parecer com uma caça às bruxas.”
E então de repente eu soube o que eu estava deixando passar. Isso estava me incomodando o dia todo, chamando do fundo da minha mente, mas eu estava muito concentrada em todo o resto para prestar atenção. O Detetive Basso havia me perguntando se havia algo faltando. E só agora eu notei que havia, sim, algo faltando. Eu deixei o artigo sobre Elliot no topo da minha penteadeira ontem à noite. Mas esta manhã... eu consultei minha memória para ter certeza, o artigo tinha sumido. Simplesmente sumido.
“Aimeudeus,” eu disse. “Elliot invadiu a minha casa ontem à noite. Foi ele! Ele roubou o artigo.” Desde que o artigo estava em primeiro plano, era óbvio que Elliot havia revirado o meu quarto de cabeça para baixo para me aterrorizar – possivelmente como punição por eu ter encontrado o artigo, em primeiro lugar.
“Espera, o quê?”, Miley disse.
“O que foi?”, perguntou o Treinador, parando ao meu lado.
“É, o que foi?” Miley ecoou. Ela apontou e riu de mim por trás das costas do Treinador.
“Hm...  o objeto não aparenta ter pulsação,” eu disse, dando um beliscão forte no pulso de Vee. Enquanto o Treinador verificava o pulso de Vee, ela fingiu estar desmaiando e se abanou. O Treinador capturou os meus olhos com os dele, olhando-me sobre os óculos. “Bem aqui, Demi. Batendo alto e forte. Tem certeza que o objeto não fez nenhum movimento, incluindo falar, durante os cinco minutos inteiros? O pulso não está tão lento quanto eu teria esperado.”
“O objeto não concorda com a parte do não-falar,” Miley se intrometeu. “E o objeto não consegue descansar sobre uma mesa tão dura. O objeto gostaria de propor uma troca de lugares para Demi ser o novo objeto.”
Miley usou sua mão direita para me afastar e se sentar no meu lugar.
“Não me faça mudar de ideia quanto a deixar vocês escolherem seus próprios parceiros,” o Treinador nos disse.
“Não me faça mudar de ideia quanto a vir à escola,” disse Miley docemente.
O Treinador lançou a ela um olhar de advertência, e então pegou meu caderno de anotações, seus olhos correndo pela página completamente branca.
“O objeto compara laboratórios de biologia com overdose de sedativos,” Miley disse.
O Treinador deu um assobio alto, e todos os olhos na classe se viraram para nós.
“Joseph?”, ele disse. “Importa-se em vir aqui? Parece que nós estamos tendo um problema com parceiros de laboratório.”
“Eu estava só brincando,” Vee disse rapidamente. “Aqui...  eu faço a experiência.”
“Você deveria ter pensado nisso quinze minutos atrás,” o Treinador disse.
“Por favor, me perdoe?”, ela pediu, batendo os cílios de forma angelical.
O Treinador colocou o caderno dela debaixo de seu braço bom. “Não.”
Desculpe!, Miley fez com os lábios por sobre o ombro enquanto andava relutantemente para a frente da sala.
Um momento depois Joe sentou-se na mesa ao meu lado. Ele juntou as mãos preguiçosamente entre os joelhos e manteve um olhar firme sobre mim.
“O quê?”, eu disse, sentindo-me nervosa sob o peso de seu olhar.
Ele sorriu. “Eu estava me lembrando dos saltos de tubarão. Ontem à noite.”
Eu senti o usual peso no estômago que Joe sempre me fazia sentir, e como sempre, não consegui distinguir se era uma coisa boa ou ruim.
“Como foi a sua noite?”, eu perguntei, minha voz cuidadosamente neutra enquanto eu tentava quebrar o gelo. Minhas aventuras de espionagem ainda jaziam inconfortavelmente entre nós.
“Interessante. A sua?”
“Não muito.”
“O dever de casa foi brutal, hein?”
Ele estava gozando de mim. “Eu não fiz o dever de casa.”
Ele tinha o sorriso de uma raposa. “Quem você fez?”
Eu fiquei sem fala por um momento. Eu fiquei ali com minha boca entreaberta. “Isso foi alguma insinuação?”
“Só curioso com qual é a minha competição.”
“Cresça.”
O seu sorriso se alargou. “Relaxe.”
“Eu já estou andando em gelo fino com o Treinador, então me faça um favor e vamos nos concentrar na experiência. Eu não estou no humor de brincar, então, se você não se importa...”, eu lancei um olhar severo para a mesa.
“Não posso,” ele disse. “Eu não tenho coração.”
Eu disse a mim mesma que ele não estava sendo literal.
Eu me relaxei na cadeira e pousei minhas mãos sobre o estômago. “Avise-me quando os cinco minutos tiverem se passado.” Eu fechei os olhos, preferindo não ter que olhar os olhos de Patch me observando.
Alguns minutos depois eu abri uma fresta do meu olho.
“Acabou o tempo,” disse Joe.
Eu levantei meu pulso para que ele tirasse a pulsação. Joe pegou minha mão, e uma onda de calor subiu pelo meu braço e terminou com um aperto no estômago.
“O pulso do objeto aumentou com o contato,” ele disse.
“Não escreva isso.” Eu deveria soar indignada. Na verdade, soou como se eu estivesse lutando com um sorriso.
“O Treinador quer que sejamos honestos.”
“O que você quer?”, eu perguntei.
Os olhos de Joe se conectaram aos meus. No fundo ele estava sorrindo. Eu sabia disso.
“Com exceção, você sabe, daquilo,” eu disse.
Depois da escola eu fui ao escritório da Senhorita Greene para a nossa sessão. No final das aulas, Dr. Hendrickson sempre mantinha sua porta entreaberta, um convite implícito para os alunos entrarem. Sempre que eu passava por esse lado do corredor agora, a Senhorita Greene mantinha sua porta fechada. Completamente.
O Não Perturbe estava implícito.
“Demi,” ela disse, abrindo a porta assim que eu bati, “por favor, entre. Sente-se.”
Seu escritório estava cheio de coisas e decorado hoje. Ela havia trazido várias plantas, e um painel com pinturas de plantas decorado estava pendurado na parede atrás de sua mesa.
A Senhorita Greene disse, “Eu venho pensando muito sobre o que você disse semana passada. Eu cheguei à conclusão óbvia que o nosso relacionamento precisa ser construído sobre respeito e confiança. Não vamos mais discutir sobre o seu pai, a não ser que seja preciso.”
“Ok,” eu disse cautelosamente. Sobre o que nós íamos conversar?
“Eu ouvi algumas notícias decepcionantes,” ela disse. Seu sorriso desapareceu e ela se aproximou, descansando seus cotovelos sobre a mesa. Ela segurava uma caneta, e a rolava entre as palmas das mãos. “Eu não quero invadir a sua vida pessoal, Demi, mas eu achei que eu havia sido perfeitamente clara quanto à minha preocupação com o seu envolvimento com Joseph.”
Eu não tinha muita certeza sobre aonde isso ia dar. “Eu não tenho dado aulas a ele.” E, realmente, isso tinha algo a ver com o trabalho dela?
“Sábado à noite Joseph lhe deu uma carona para casa de Delphic Seaport. E você o convidou para entrar.”
Eu lutei para abafar um arfar. “Como você sabe sobre isso?”
“Parte do meu trabalho como psicóloga é guiá-la,” Senhorita Greene disse. “Por favor, prometa que vai tomar muito cuidado quando estiver perto de Joseph.” Ela me olhou como se estivesse esperando por meu juramento sagrado.
“É meio complicado,” eu disse. “Minha carona me deixou presa em Delphic. Eu não tive escolha. Não é como se eu procurasse oportunidades para passar mais tempo com Joe.” Bem, exceto por ontem à noite no Borderline. Em minha defesa, eu honestamente não esperava ver Joe. Ele deveria ter tido sua noite de folga.
“Fico muito feliz em ouvir isso,” Senhorita Greene respondeu, mas ela não parecia muito convencida da minha inocência. “Tirando isso, há mais alguma coisa que você gostaria de discutir hoje? Qualquer coisa que esteja presa na sua mente?”
Eu não ia contar que Elliot havia invadido minha casa. Eu não confiava na Senhorita Greene. Eu não podia meter meu dedo no meio, mas algo nela me incomodava. E eu não gostava do jeito que ela continuava insistindo que Joseph era perigoso e não me contava o por quê. Era quase como se ela tivesse uma agenda de espionagem.
Eu tirei minha mochila do chão e abri a porta. “Não”, eu disse.

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E ai, obrigada Thais pela sua ajuda e por suas divulgações, fico bastante agradecida, serio <3
Enfim, estava pensando em fazer uma maratona nesse feriado, porém preciso de leitores que comentem pra começar a rolar. Quero logo que comece a parte de Jemi e toda a aventura aushauhs
Me digam oque acham, até o próximo s2

27 de mai. de 2013

Capitulo 14

Eu voltei para a casa da fazenda pouco antes das oito. Eu virei a chave na tranca, segurei a maçaneta e bati meu quadril contra a porta. Eu tinha ligado para minha mãe poucas horas antes do jantar; ela estava no escritório, terminando algumas coisas, sem ter certeza se estaria em casa e eu esperava encontrar a casa quieta, escura e fria.
Na terceira batida, a porta cedeu e eu arremessei minha bolsa na escuridão em seguida lutei com a chave que ainda estava atolada na fechadura. Desde a noite que o Joe veio, a fechadura desenvolveu uma disposição gananciosa. Eu me perguntei se Dorothea tinha notado hoje cedo.
“Me-dê-a-porcaria-da-chave,” eu disse, mexendo para que ela se soltasse.
O relógio do vovô no hall badalou a hora, e oito dongs altos reverberaram no silêncio. Eu estava andando na sala para acender o fogão a lenha quando ouvi um farfalhar de tecido e um rangido baixo do outro lado da sala.
Eu berrei.
“Demi!” minha mãe disse, jogando longe o cobertor e sentando-se apressadamente no sofá. “Qual é o problema do mundo?”
Eu tinha colocado uma mão em cima do meu coração e a outra espalmada na parede para me segurar. “Você me assustou!”
“Eu caí no sono. Eu tivesse ouvido você entrar eu teria falado alguma coisa.”
Ela tirou o cabelo do rosto e piscou como uma coruja. “Que horas são?”
Eu me joguei na poltrona mais próxima e tentei recuperar as batidas normais do meu coração. Minha imaginação tinha conjurado um par de olhos atrás de uma máscara de esqui. Agora eu tinha certeza que ele não era uma invenção da minha imaginação, eu tinha um desejo irresistível de contar tudo para minha mãe, desde que ele tinha pulado no Neon até seu papel como atacante da Miley. Ele estava me perseguindo e era violento. Nós temos que trocar as fechaduras das portas. E parece lógico que a polícia se envolva. Eu me sentiria muito mais segura com um policial estacionado na guia.
“Eu ia esperar para tocar no assunto,” mamãe disse, interrompendo meus pensamentos, “mas eu não tenho certeza se o momento perfeito vai aparecer.”
Eu fiz uma careta. “O que está acontecendo?”
Ela deu um longo suspiro. “Estou pensando em por a casa da fazenda à venda.”
“O que? Por quê?”
“Eu estou lutando há um ano e não estou conseguindo o quanto eu esperava. Eu considerei ter um segundo emprego, mas honestamente, não acho que tenha horas suficientes no dia.” Ela riu sem nenhum traço de humor. “Os salários da Dorothea são modestos, mas é um dinheiro extra que não temos. A única coisa que posso pensar é nos mudar para uma casa menor. Ou um apartamento.”
“Mas esta é a nossa casa.” Todas as minhas memórias estão aqui. As memórias do meu pai estão aqui. Eu não podia acreditar que ela não se sentisse do mesmo jeito. Eu faria tudo que pudesse para ficar.
“Vou dar mais três meses,” ela disse. “Mas não quero que tenha muitas esperanças.”
Certo, então eu sabia que não podia dizer para mamãe sobre o cara com a máscara de esqui. Ela se demitiria do trabalho amanhã. Ela pegaria um emprego local e não haveria absolutamente nenhuma escolha a não ser vender a casa da fazenda.
“Vamos falar sobre algo mais brilhante,” mamãe disse, colocando um sorriso em seu rosto. “Como foi o jantar?”
“Bom,” eu disse melancolicamente.
“E a Miley? Como está a recuperação dela?”
“Ela poderá voltar para a escola amanhã.”
Mamãe sorriu ironicamente. “Ela ter quebrado o braço esquerdo foi uma coisa boa. Se não ela não conseguiria tomar notas nas aulas e eu posso imaginar o quão desapontador isso seria para ela.”
“Há, há,” eu disse. “Eu vou fazer chocolate quente.” Eu fiquei em pé e apontei por sobre meu ombro para a cozinha. “Você quer?”
“Na verdade isso soa perfeito. Eu vou acender o fogo.”
Depois de uma rápida passada pela cozinha para pegar as xícaras, leite e a caixa de chocolate em pó, eu voltei e descobri que mamãe tinha colocado uma chaleira com água no fogão a lenha. Eu me empoeirei no braço do sofá e passei a xícara para ela.
“Como você soube que estava apaixonada pelo Papai?” Eu perguntei, fazendo um esforço para parecer casual. Havia sempre a possibilidade de que falar sobre Papai traria rios de lágrimas, algo que eu esperava evitar.
Mamãe sentou no sofá e ergueu seus pés e os colocou na mesinha de centro. “Eu não sabia. Não até estarmos casados por um ano.”
Não era a resposta que eu esperava. “Então... por que você casou com ele?”
“Porque eu achava que estava apaixonada. E quando você acha que está apaixonada, você fica disposta a aguentar e trabalhar para que se transforme em amor.”
“Você ficou apavorada?”
“Por causa do casamento?” Ela riu. “Essa foi a parte divertida. Comprar o vestido de noiva, reservar a capela, usar um solitário de diamante.”
Eu imaginei o sorriso malicioso do Joe. “Alguma vez você ficou com medo do Papai?”
“Sempre que o New England Patriots perdia.”
Sempre que o New England Patriots perdia, meu pai ia para a garagem e acelerava sua motosserra. Dois outonos atrás ele arrastou sua motosserra para a floresta atrás da nossa propriedade, derrubou dez árvores e as transformou em lenha. Nós ainda temos mais da metade da pilha para queimar.
Mamãe afagou o sofá ao seu lado e eu me enrolei nela, descansando minha cabeça no seu ombro. “Sinto falta dele,” eu disse.
“Eu também.”
“Tenho medo de me esquecer como ele se parecia. Não nas fotos, mas andando por aí nos sábados pela manhã suando fazendo ovos mexidos.”
Mamãe enlaçou seu dedo no meu. “Você é muito parecida com ele, desde criança.”
“Sério?” eu me sentei reta. “De que maneira?”
“Ele era um bom aluno, muito inteligente. Ele não era chamativo ou comunicativo, mas as pessoas o respeitavam.”
“O Papai era... misterioso?”
Mamãe pareceu procurar em sua mente. “Pessoas misteriosas tem muitos segredos. Seu pai era um livro aberto.”
“Ele já foi rebelde?”
Ela deu uma gargalhada alta e curta. “Você o vê dessa forma? Eddie Lovato, a pessoa mais ética do mundo... Rebelde?” Ela deu uma engasgada teatral. “Deus me perdoe! Por um tempo ele teve cabelo comprido. Era ondulado e loiro... igual ao de surfista. Claro, que seus óculos com aro de tartaruga mataram o visual. Então... Eu deveria perguntar o que nos trouxe a esse assunto?”
Eu não tinha ideia de como explicar para minha mãe meus sentimentos conflitantes em relação ao Joe. Eu não tinha ideia de como explicar Joe, ponto. Provavelmente minha mãe estava esperando uma descrição que incluía o nome dos pais, seu boletim, quais esportes ele praticava e em quais faculdades ele pretendia se inscrever. Eu não queria alarmá-la dizendo que eu apostava meu cofrinho que o Joe tinha uma ficha criminal. “Tem um cara,” eu disse, incapaz de não sorrir ao pensar no Joe. “Estamos saindo ultimamente. Sobretudo coisas de escola.”
“Ooh, um cara,” ela disse misteriosamente. “Bem? Ele está no clube do xadrez? Conselho estudantil? Time de tênis?”
“Ele gosta de pool,” eu disse otimista.
“Um nadador! Ele é bonito como o Michael Phelps? Claro, eu sempre preferi Ryan Lochte quando o assunto é aparência.”
Eu pensei em corrigir minha mãe. Pensando bem, provavelmente era melhor não esclarecer. Pool, natação... É próximo certo?
O telefone tocou e mamãe se esticou no sofá para atender. Dez segundos de ligação e ela se jogou no sofá e bateu com a mão na testa. “Não, não é problema. A primeira coisa que farei amanhã pela manhã é correr até lá, pegar e levar.”
“Hugo?” Eu perguntei depois que ela desligou. Hugo era o chefe da minha mãe e dizer que ele ligava toda hora era falar o mínimo. Uma vez ele ligou para ela ir ao trabalho porque ele não sabia mexer na máquina de tirar cópias.
“Ele deixou alguns papéis inacabados no escritório e precisa que eu vá lá. Tenho que fazer cópias, mas não devo demorar mais que uma hora. Você já terminou seu dever de casa?”
“Ainda não.”
“Então posso dizer para mim mesma que não teríamos passado um tempo juntas mesmo que eu estivesse aqui.” Ela suspirou e ficou em pé. “Vejo você em uma hora?”
“Diga ao Hugo que ele deveria te pagar mais.”
Ela riu. “Muito mais.”
Assim que tive a casa só para mim, eu tirei a louça do café da manhã da mesa da cozinha para dar espaço para meus livros escolares. Inglês, história do mundo, biologia. Armada com meu lápis número dois novinho, eu abri o primeiro livro e fui ao trabalho.
Quinze minutos depois minha mente se rebelou, recusando-se a digerir outro parágrafo do sistema feudal europeu. Eu me perguntei o que o Joe estaria fazendo depois do trabalho. Dever de casa? Difícil de acreditar. Comendo pizza e assistindo basquete na TV? Talvez, mas não parecia a cara dele. Fazendo apostas e jogando bilhar no Bo’s Arcade? Isso parecia um bom palpite.
Eu tinha um desejo inexplicável de dirigir até o Bo’s e defender meu comportamento de mais cedo, mas esse pensamento foi rapidamente colocado em perspectiva pelo simples fato de eu não ter tempo. Minha mãe estará em casa em um tempo menor do que eu levaria para fazer meia viagem até lá. Isso sem mencionar que Joe não era o tipo de cara que você poderia simplesmente sair caçando. No passado, nossos encontros tinha sido de acordo com a agenda dele, não a minha. Sempre.
Eu subi as escadas para me trocar e colocar alguma coisa mais confortável. Eu empurrei a porta do meu quarto e dei três passos antes de parar. As gavetas da minha cômoda foram arrancadas, roupas espalhadas pelo chão. A cama estava destroçada. As portas do guarda roupa estavam abertas, penduradas tortas pelas dobradiças. Livros e porta retratos espalhados pelo chão.
Eu vi o reflexo de um movimento na janela do outro lado do cômodo e me virei. Ele estava em pé, encostado na parede atrás de mim, vestido dos pés a cabeça de preto e usando a máscara de esqui. Meu cérebro estava em um turbilhão enevoado, começando a transmitir corra! para as minhas pernas, quando ele foi para a janela, escancarou-a e agilmente pulou para fora.
Eu desci três degraus de cada vez, atirei-me ao redor do corrimão, voei do corredor para a cozinha e liguei 911.
Quinze minutos depois um carro da polícia esbarrou na calçada. Tremendo, eu destranquei a porta e deixei os dois policiais entrarem. O primeiro policial a entrar era baixo, cintura grossa e com o cabelo parcialmente preto e cinza. O outro era alto, magro com os cabelos quase tão escuros quanto os do Joe, mas aparado em cima da orelha. De um jeito estranho ele vagamente se assemelhava ao Joe. Compleição mediterrânea, face simétrica, olhos puxados.
Eles se apresentaram; o policial de cabelo escuro era o Detetive Basso. Seu parceiro era o Detetive Holstijic.
“Você é a Demetria Lovato?” O Detetive Holstijic perguntou.
Eu confirmei com um aceno de cabeça.
“Seus pais estão em casa?”
“Minha mãe saiu alguns minutos antes de eu ligar para o 911.”
“Então você está em casa sozinha?”
Outro aceno de cabeça.
“Por que você não nos conta o que aconteceu?” ele perguntou, cruzando seus braços e aumentando sua base de sustentação, enquanto o Detetive Basso dava alguns passos pela casa dando uma olhada ao redor.
“Eu cheguei as oito e fiz um pouco de dever de casa,” eu disse. “Quando eu subi para meu quarto, eu o vi. Estava tudo bagunçado. Ele detonou meu quarto.”
“Você o reconheceu?”
“Ele estava usando uma máscara de esqui. E as luzes estavam apagadas.”
“Alguma marca distinta? Tatuagens?”
“Não.”
“Altura? Peso?”
Eu procurei, com relutância, na minha memória de curto prazo. Eu não queria reviver o momento, mas era importante que eu lembrasse qualquer pista. “Peso médio, mas um pouquinho alto. Quase do mesmo tamanho do Detetive Basso.”
“Ele disse alguma coisa?”
Eu chacoalhei a cabeça.
O Detetive Basso reapareceu e disse, “Tudo limpo,” para seu parceiro. Então ele subiu para o segundo andar. O assoalho rangia com o sobrepeso conforme ele passava pelo corredor, abrindo e fechando as portas.
O Detetive Holstijic abaixou para examinar a fechadura da porta da sala. “A porta estava destrancada ou estragada quando você chegou em casa?”
“Não. Eu usei minha chave para entrar. Minha mãe estava dormindo na sala.”
O Detetive Basso apareceu no alto da escada.
“Você pode nos mostrar o que está estragado?” ele me perguntou.
Eu e o Detetive Holstijic subimos as escadas juntos e eu indiquei o caminho pelo corredor para onde o Detetive Basso estava em pé bem na porta do meu quarto com suas mãos em seus quadris, inspecionando meu quarto.
Eu fiquei completamente parada, um formigamento de medo rastejou por mim. Minha cama estava feita. Meus pijamas estavam em cima do meu travesseiro, bem do jeitinho que eu os tinha deixado hoje de manhã. As gavetas da minha cômoda estavam fechadas, com os porta-retratos arrumados em cima. O baú que fica no pé da minha cama estava fechado. O chão estava limpo. As cortinas penduradas na janela, painéis lisos, um de cada lado da janela fechada.
“Você disse que viu o intruso,” o Detetive Basso disse. Ele estava olhando para mim com o olhar duro que não perdia nada. Olhos que eram especialistas em filtrar mentira.
Eu dei um passo para dentro do quarto, mas faltava o toque familiar de conforto e segurança. Havia uma nota de violação e ameaça. Eu apontei para a
janela do outro lado do quarto, tentando manter minha mão firme. “Quando eu entrei, ele pulou pela janela.”
O Detetive Basso olhou para fora da janela. “Uma longa jornada até o chão,” ele observou. Ele tentou abrir a janela. “Você a trancou depois que ele pulou?”
“Não, eu corri para o andar de baixo e liguei para o 911.”
“Alguém trancou.” O Detetive Basso ainda estava me olhando com olhos cortantes, sua boca era uma linha fina.
“Não tenho certeza se alguém seria capaz de escapar depois de um pulo desses,” o Detetive Holstijic disse, juntando-se ao seu parceiro perto da janela. “Teria sorte se escapasse com uma perna quebrada.”
“Talvez ele não tenha pulado, talvez ele tenha descido pela árvore,” eu disse.
O Detetive Basso virou sua cabeça ao redor. “Bem? Esta? Ele escalou ou pulou? Ele poderia ter te empurrado ao passar por você e sair pela porta da frente. Esta seria a opção lógica. É isso que eu teria feito. Eu vou perguntar mais uma vez. Pense com muito cuidado. Você realmente viu alguém no seu quarto esta noite?”
Ele não acreditava em mim. Ele achava que eu tinha inventado. Por um momento eu fiquei tentada a pensar a mesma coisa. O que há de errado comigo? Por que a minha realidade estava torcida? Por que a realidade nunca batia? Para minha própria sanidade eu disse a mim mesma que não era eu. Era ele. O cara com a máscara de esqui. Ele estava fazendo isso. Eu não sabia como, mas a culpa era dele. O Detetive Holstijic quebrou o silêncio tenso dizendo, “Quando seus pais chegam em casa?”
“Eu moro com minha mãe. Ela teve que dar uma passadinha no escritório.”
“Nós precisamos te perguntar mais algumas coisas,” ele continuou. Ele apontou para eu sentar na minha cama, mas eu balancei a cabeça entorpecida. “Recentemente você terminou com um namorado?”
“Não.”
“E drogas? Você tem um problema com drogas, agora ou no passado?”
“Não.”
“Você mencionou que vive com sua mãe. E seu pai? Onde ele está?”
“Isso foi um engano,” eu disse. “Sinto muito. Eu não deveria ter ligado.”
Os dois detetives trocaram olhares. O Detetive Holstijic fechou os olhos e massageou os cantos internos. O Detetive Basso parecia que já tinha perdido tempo demais e estava pronto para ir embora.
“Nós temos coisas para fazer,” ele disse. “Você vai ficar bem sozinha aqui até sua mãe voltar?”
Eu mal o ouvi; eu não conseguia tirar os olhos da janela. Como ele tinha feito isso? Quinze minutos. Ele teve quinze minutos para dar um jeito de voltar para dentro e colocar o quarto em ordem antes da polícia chegar. E comigo no andar de baixo o tempo todo. Ao perceber que estive sozinha com ele na casa, eu estremeci.
O Detetive Holstijic estendeu seu cartão de trabalho. “Sua mãe poderia nos telefonar quando ela chegar?”
“Nos vemos por aí,” o Detetive Basso disse. Ele já estava no meio do corredor.


Boa noite pessoal, capitulo postado, não tenho muita coisa pra falar uahsauhs
cadê os comentarios? só tem a thais gostando da fic u_u ausaush
Respondendo a você thais, postei o mais rapido de consegui
me adora o bastante agora? aushausha sqn
então até a próxima, comentem! Beijos

25 de mai. de 2013

Capitulo 13

NA NOITE SEGUINTE, ÀS SETE, O ESTACIONAMENTO DO BORDERLINE ESTAVA APINHADO. Após aproximadamente uma hora implorando, Miley e eu havíamos convencido seus pais que nós precisávamos celebrar sua primeira noite fora do hospital com chiles rellenos e virgin strawberry daiquiris. Afinal, era isso o que estávamos planejando. Mas também tínhamos um outro motivo por trás.
Eu guiei o Neon até uma vaga estreita no estacionamento e desliguei o motor.
“Ew,” disse Miley quando eu a devolvi as chaves e toquei em sua mão. “Acha que poderia suar mais?”
“Eu estou nervosa.”
“Uh, eu não tenho dúvidas.”
Eu olhei descuidadamente para a porta.
“Eu sei o que você está pensando,” Miley disse, pressionando seus lábios. “E a resposta é não. Não, ou seja, sem chance.”
“Você não sabe o que eu estou pensando,” eu disse.
Miley lançou um olhar incrédulo para o meu braço. “A merda que eu não sei.”
“Eu não ia fugir,” eu disse. “Eu, não.”
“Mentirosa.”
Terça-feira era a noite de folga de Joe, e Miley havia enfiado na minha cabeça que aquela era a oportunidade perfeita para interrogar seus colegas de trabalho. Eu me imaginei desfilando até o bar, dando ao barman o sorriso exótico de Taylor Swift, e então seguindo para o tópico Joe. Eu precisava do endereço dele. Eu precisava de qualquer informação sobre antecedentes criminais. Eu precisava saber se ele tinha alguma conexão com o cara na máscara de ski, não importa o quanto mínima fosse. E eu precisava descobrir por que o cara na máscara de ski e a garota misteriosa estavam na minha vida.
Eu vasculhei minha bolsa, checando novamente se a lista de interrogação que eu havia preparado ainda estava comigo. Uma parte da lista era preenchida com questões sobre a vida particular do Joe. O outro lado da folha continha alguns truques de flerte. Só no caso de precisar.
“Whoa, whoa, whoa,” Miley disse. “O que é isso?”
“Nada,” eu disse, escondendo a lista.
Miley tentou pegar a lista, mas eu fui mais rápida e já a tinha no fundo da minha bolsa antes que Miley pudesse alcançá-la.
“Regra número um,” Miley disse. “Não existe essa história de truques de flerte”.
“Toda regra tem sua exceção.”
“E você não é uma!” Ela puxou dois sacos plásticos da lanchonete 7-Eleven do banco de trás e saiu do carro. Assim que eu saí também, ela utilizou seu braço bom para lançar os dois sacos sobre o teto do Neon, na minha direção.
“O que é isso?” eu perguntei, pegando os sacos. Eles estavam atados e eu não podia ver o que tinha dentro, mas o contorno inconfundível de um salto stiletto ameaçou aparecer através do plástico.
“Tamanho 36,” Miley disse. “Pele de tubarão. É mais fácil interpretar um personagem quando se está usando as roupas certas.”
“Eu não consigo andar em saltos altos.”
“Ainda bem que não são altos, então.”
“Parecem altos,” eu disse, examinando o salto do sapato.
“Quase cinco polegadas. Só começa a ser alto a partir das cinco polegadas completas.”
Perfeito. Se eu não quebrasse o pescoço, eu só teria que me humilhar tentando seduzir garçons em troca dos segredos do Joe.
“Olha aqui,” disse Miley quando paramos na calçada em frente às portas de entrada. “Eu meio que convidei algumas pessoas. Quanto mais, melhor, certo?”
“Quem?” eu perguntei, sentindo o terrível pressentimento de algo ruim a caminho na boca do estômago.
“Jules e Elliot.”
Antes de eu ter tido tempo de dizer a Miley o quão ruim eu achava aquela ideia, ela disse, “Momento da verdade: eu meio que andei encontrando o Jules. Escondido.”
“O quê?”
“Você tinha que ver a casa dele. Bruce Wayne não pode competir. Os pais dele ou são traficantes na América do Sul ou são da máfia. Já que eu ainda não os conheci, eu não posso dizer qual das opções.”
Eu não conseguia encontrar palavras. Minha boca abria e fechava, mas nada saía. “Quando aconteceu?”, eu finalmente consegui perguntar.
“Um pouco depois daquela agradável manhã no Enzo’s.”
“Agradável? Miley, você não tem ideia –“
“Eu espero que eles tenham chegado antes e reservado uma mesa,” Miley disse, esticando o pescoço enquanto olhava a multidão acumulada ao redor das portas. “Eu não quero esperar. Eu estou seriamente a dois curtos minutos de morrer de fome.”
Eu segurei Miley por seu cotovelo bom, puxando-a para o lado. “Há algo que eu preciso lhe contar –“
“Eu sei, eu sei,” ela disse. “Você acha que há uma pequena chance de Elliot ter me atacado domingo à noite. Bom, eu acho que você confundiu o Elliot com o Joe. E depois que você fizer a sua parte hoje à noite, você vai ver como eu estou certa. Acredite, eu quero saber quem me atacou tanto quanto você. Provavelmente até mais. É pessoal agora. E enquanto estamos nessa troca de conselhos, aqui vai o meu. Fique longe do Joe. Só para se manter viva.”
“Fico feliz que esteja tentando me manter viva,” eu disse sobriamente, “mas olha só. Eu achei um artigo...“
As portas do Borderline se abriram. Uma brisa refrescante e quente, carregando o cheiro de limão e cilantro, veio até nós, ainda com o som de uma banda mexicana tocando através dos auto-falantes.
“Bem vindas ao Borderline,” a hostess nos recebeu. “Mesa para duas esta noite?”
Elliot estava de pé atrás dela, dentro do hall esmaecido. Nós nos vimos ao mesmo tempo. Sua boca sorriu, mas seus olhos não.
“Ladies,” ele disse, juntando as mãos enquanto se aproximava. “Maravilhosas, como sempre.”
Minha pele se arrepiou.
“Onde está seu parceiro de crime?” Miley perguntou, entrando no hall. Lanternas de papel pendiam do teto, e um mural de uma cidade mexicana ocupava o espaço de duas paredes. Os bancos de espera estavam lotados. Não havia sinal de Jules.
“Más notícias”, disse Elliot. “O homem está doente. Vocês terão que se contentar apenas comigo.”
“Doente?” Miley demandou. “Como assim, ‘doente’? Que tipo de desculpa é doente?”
“O tipo em que a comida sai pelos dois lados”.
Miley torceu o nariz. “Informação demais.”
Eu ainda estava tendo dificuldade tentando digerir a ideia de haver algo acontecendo entre Miley e Jules. Jules pareceu mal humorado, carrancudo, e completamente desinteressado quanto estar à companhia de Miley ou de
qualquer outra pessoa. Nenhuma parte de mim se sentia confortável com a ideia de Miley estar passando tempo com Jules. Não necessariamente por causa do quão desagradável ele era ou o quão pouco eu sabia sobre ele, mas por causa da única coisa que eu tinha certeza: ele era um amigo muito próximo de Elliot.
A hostess tirou três menus do alto de um cubículo encaixado à parede e nos guiou a uma mesa tão próxima à cozinha que eu podia sentir o calor dos fornos através das paredes. À nossa esquerda estava o bar de salsa. À nossa direita portas de vidro úmidas com água condensada mostravam um pátio externo. Minha blusa social já estava grudando nas minhas costas com o suor. Meu suor deve ter aumentado mais provavelmente por causa da notícia da aproximação exagerada de Miley e Jules do que com o aumento de calor, no entanto.
“Está boa?”, a hostess perguntou, indicando a mesa.
“Ótima,” Elliot disse, tirando a jaqueta. “Eu adoro este lugar. Se a sala não manter você aquecido, a comida certamente irá.”
O sorriso da hostess aumentou. “Você já esteve aqui antes. Podemos começar com batatas e a nossa mais nova salsa de jalapeño? É a mais apimentada.”
“Eu gosto das coisas apimentadas,” disse Elliot.
Eu tinha completa certeza de que ele estava insinuando algo mais. Eu tinha sido muito generosa em pensar que ele não era tão humilde quanto Taylor. Eu tinha sido muito generosa quanto ao seu caráter, ponto. Especialmente agora que eu sabia que ele tinha toda uma investigação policial sendo escondida com sei lá quantos outros esqueletos em seu armário.
A hostess fez uma avaliação de olhar rápida sobre ele. “Eu volto logo com as batatas e a salsa. A sua garçonete estará aqui logo, logo para anotar os pedidos.”
Miley sentou-se à mesa primeiro. Eu deslizei ao seu lado, e Elliot pegou o assento em minha frente. Nossos olhos se conectaram, e houve um flash de algo sombrio nos dele. Algo mais ou menos como ressentimento. Talvez até hostilidade. Eu me perguntei se ele sabia que eu tinha visto o artigo.
“Roxo é a sua cor, Nora,” ele disse, assentindo para o meu cachecol enquanto eu o desenrolava do meu pescoço e o amarrava na alça da minha bolsa. “Destaca os seus olhos.”
Miley chutou os meus pés. Ela realmente pensava que aquilo vindo dele era um elogio.
“Então,” eu disse a Elliot com um sorriso falso, “por que você não nos conta mais sobre Kinghorn Prep?”
“É,” Miley entrou na conversa. “Há alguma sociedade secreta lá? Como nos filmes?”
“O que há para contar?”, Elliot disse. “Grande escola. Fim da história.” Ele pegou seu menu e o analisou. “Alguém interessado em um aperitivo? Eu estou.”
“Se é uma escola tão boa, por que você se transferiu?” Eu encontrei seus olhos e os segurei. Fracamente, eu arqueei as sobrancelhas, desafiando-o.
Um músculo na mandíbula de Elliot saltou um pouco antes de ele abrir um sorriso. “As garotas. Eu ouvi dizer que elas eram muito desinteressantes nessas partes. O rumor era verdadeiro.” Ele piscou para mim, e um sentimento frio como gelo desceu da minha cabeça para os meus pés.
“Por que Jules não se transferiu também?” perguntou Miley. “Nós poderíamos ter sido o quarteto fabuloso, só que um pouco melhor. O quarteto fenomenal.”
“Os pais de Jules são obcecados pela sua educação. Intensidade nem sequer cobre parte disso. Eu juro pela minha vida, ele está indo direto para o topo. O cara não pode ser parado. Quer dizer, eu confesso, eu sou bom na escola. Melhor que a maioria. Mas ninguém ultrapassa Jules. Ele é um deus acadêmico.”
O olhar sonhador retornou aos olhos de Miley. “Eu nunca conheci os pais dele,” ela disse. “Nas vezes em que eu fui lá, eles estavam sempre fora da cidade ou trabalhando.”
“Eles trabalham muito,” Elliot concordou, voltando seus olhos para o menu, dificultando para mim ler qualquer coisa neles.
“Onde eles trabalham?” Eu perguntei.
Elliot tomou um longo gole da sua água. Pareceu-me que ele estava apenas ganhando tempo enquanto pensava numa resposta. “Diamantes. Eles passam muito tempo na África e na Austrália.”
“Eu não sabia que a Austrália era grande no comércio de diamantes,” eu disse.
“É, nem eu,” disse Miley.
Na verdade, eu tinha muita certeza de que a Austrália não tinha nenhum diamante. Ponto.
“Por que eles estão morando no Maine?”, eu perguntei. “Por que não na África?”
Elliot estudou seu menu com mais intensidade. “O que vocês vão pedir? Eu acho que a steak fajita parece boa.”
“Se os pais de Jules estão no negócio de diamantes, eu aposto que eles sabem muito sobre escolher o anel de noivado perfeito,” Miley disse. “Eu sempre quis uma esmeralda com corte solitaire.”
Eu chutei Miley sob a mesa. Ela me espetou com o seu garfo.
“Oww!”, eu disse.
Nossa garçonete parou ao lado da mesa em tempo suficiente para perguntar, “Algo para beber?”
Elliot olhou sobre o topo do seu menu, primeiro para mim, depois para Miley.
“Diet Coke,” Miley disse.
“Água com pedaços de limão, por favor,” eu disse.
A garçonete retornou rapidamente com nossas bebidas. Seu retorno foi a minha chance para sair da mesa e iniciar o primeiro passo do plano, e Miley me lembrou com uma segunda espetada de sob-a-mesa.
“Miley,” eu disse entre dentes. “Você gostaria de me acompanhar até o banheiro feminino?” Eu de repente não quis mais continuar com o plano. Eu não queria deixar Miley sozinha com Elliot. O que eu realmente queria era tirá-la dali, contar a ela sobre a investigação de assassinato, e então achar algum jeito de fazer Elliot e Jules desapareceram das nossas vidas.
“Por que você não vai sozinha?”, disse Miley. “Eu acho que seria um plano melhor.” Ela balançou a cabeça na direção do bar e murmurou ‘Vai!’ em linguagem labial, enquanto balançava os pés sob a mesa.
“Eu estava planejando ir sozinha, mas eu realmente gostaria que você se juntasse a mim.”
“O que há com as garotas?”, Elliot disse, sorrindo. “Eu juro, eu nunca vou conhecer uma só garota que vá sozinha ao banheiro.” Ele balançou a cabeça e sorriu conspiratoriamente. “Contem-me o segredo. Sério. Eu pago cinco dólares para cada uma.” Ele levou sua mão até o bolso traseiro. “Dez, se eu for junto para ver qual o grande lance lá dentro.”
Miley sorriu. “Pervertido. Não esqueça isso,” ela me disse, entregando-me os sacos da 7-Eleven.
As sobrancelhas de Elliot se arquearam.
“Lixo,” Miley explicou a ele. “A lixeira do lado da minha casa estava cheia. Minha mãe perguntou se eu podia jogar fora quando saísse.”
Elliot não parecia ter acreditado nela, e Miley não parecia se importar. Eu me levantei, meus braços suando loucamente, e engoli minha frustração.
Andando entre as mesas, eu entrei no hall e fui em direção aos banheiros. O hall era decorado no estilo “terra-cotta”, com maracas, sombreiros e bonecos de madeira. Estava mais quente aqui, e eu limpei a testa com as costas da mão. O plano agora era ir embora o mais rápido possível. Assim que eu estivesse de volta à mesa, eu formularia uma desculpa sobre ter que ir embora, e arrastaria Miley comigo. Com ou sem o consentimento dela.
Depois de espreitar abaixo das três cabines do banheiro feminino e confirmar que eu estava sozinha, eu tranquei a porta do banheiro e despejei todo o conteúdo dos sacos 7-Eleven sobre a pia. Uma peruca dourada plantinum, um sutiã roxo, um top tubinho preto, uma minissaia com lantejoulas, uma meia-calça arrastão rosa, e um par de saltos stiletto de pele de tubarão tamanho 36.Eu enfiei o sutiã, o top tubinho e as meia-calças dentro dos sacos. Depois de tirar minhas jeans, eu vesti a minissaia. Escondi meu cabelo sob a peruca dourada e apliquei o batom. Eu finalizei tudo com um generoso aplique do gloss labial de alto brilho.
“Você consegue,” eu disse ao meu reflexo, tampando o brilho labial e esfregando os lábios um no outro. “Você consegue dar uma de Taylor Swift. Seduzir homens em troca de segredos. Quão difícil isso pode ser?”
Chutei os meus sapatos para longe, enfiando-os dentro de um saco junto com as jeans, então escondi os sacos sob a pia, escondidos. “Além disso,” eu continuei, “não há nada de errado em sacrificar um pouco de orgulho pela inteligência. E se você quiser olhar isso por um lado mais mórbido, você pode até dizer que se você não conseguir respostas, você pode acabar morta. Porque goste ou não, alguém lá fora quer você morta.”
Eu localizei os saltos de pele de tubarão dentro da minha visão periférica. Eles não eram as coisas mais feias que eu já havia visto, poderiam até ser considerados sensuais. Eu enfiei o pé dentro deles e comecei a treinar, desfilando pelo banheiro várias vezes.
Dois minutos depois eu me sentei em um banco em frente ao bar.
O barman me olhou. “Dezesseis?”, ele chutou. “Dezessete?”
Ele parecia ser uns dez anos mais velho do que eu e tinha um cabelo castanho escuro raspado. Uma argola de prata pendia de sua orelha direita. Camiseta branca e calças Levi’s. Nada mal... mas não muito bom, também.
“Eu não sou uma bebedeira de menor idade,” eu disse alto o bastante para ele me ouvir sobre a música. “Eu estou esperando por um amigo. Eu tenho uma boa visão das portas de entrada daqui.” Eu retirei a lista de perguntas da minha bolsa e disfarçadamente posicionei a folha de papel sob um saleiro de vidro.
“O que é isso?”, o barman perguntou, enxugando suas mãos em uma toalha e apontando com a cabeça para a lista.
Eu empurrei a lista mais para baixo do saleiro. “Nada,” eu disse, toda inocente.
Ele arqueou uma sobrancelha.
Eu decidi falhar com a verdade. “É uma... lista de compras. Eu tenho que comprar algumas coisas para a minha mãe quando for para casa.” O que aconteceu com o flerte? Eu perguntei a mim mesma. O que aconteceu com Taylor Swift?
Ele me mandou um olhar de avaliação que eu decidi que não era completamente negativo. “Depois de trabalhar neste negócio por cinco anos, eu me tornei muito boa em localizar mentirosos.”
“Eu não sou uma mentirosa,” eu disse. “Talvez eu estivesse mentindo um segundo atrás, mas foi apenas uma mentira. Uma mentirinha boba não faz de alguém um mentiroso”.
“Você parece uma repórter,” ele disse.
“Eu trabalho para o eZine da minha escola.” Eu queria me chutar. Repórteres não inspiravam confiança nas pessoas. As pessoas normalmente suspeitavam de repórteres. “Mas eu não estou trabalhando hoje à noite,” eu emendei rapidamente. “Estritamente diversão esta noite. Sem trabalho. Sem anotações. Sem nada demais.”
Depois de um momento de silêncio eu decidi que o melhor movimento agora era ir em frente. Eu pigarreei e disse, “O Borderline é um lugar popular para empregar estudantes do colegial?”
“Nós temos muitos estudantes trabalhando em meio período, é. Hostesses e entregadores e tal.”
“Sério?” Eu disse, fingindo surpresa. “Talvez eu conheça alguns deles. Cite alguns.”
O barman virou os olhos para o teto e coçou a barba por fazer em seu queixo. O seu olhar vazio não estava inspiravam confiança em mim. Sem mencionar que eu não tinha muito tempo. Elliot podia estar colocando algum tipo de drogas letais na bebida da Miley
“E que tal Joseph Jonas?” Eu perguntei. “Ele trabalha aqui?”
“Joseph? Yeah. Ele trabalha aqui. Em algumas noites, e nos fins de semanas.”
“Ele estava trabalhando no domingo?” Eu tentei não soar muito curiosa. Mas eu precisava saber se era possível Joe ter estado no píer. Ele disse que havia uma festa na costa, mas talvez seus planos haviam mudado. Se alguém verificasse que ele estava trabalhando no domingo à noite, eu poderia descartar seu envolvimento no ataque de Miley.
“Domingo?” Mais coça, coça. “As noites se misturam. Tente alguma hostess. Qualquer uma irá lembrar. Todas elas dão risadinhas e ficam um pouco esquisitas quando ele está por perto.” Ele sorriu como se eu de alguma forma simpatizasse com elas.
Eu disse, “Você não poderia acessar algum histórico de trabalho dele?” Com o seu endereço escrito.
“Isso seria um não.”
“Só por curiosidade,” eu disse, “você sabe se é possível ser empregado aqui se tiver um assassinato na ficha?”
“Um assassinato?” Ele fez um barulho que parecia uma risada. “Você está me zoando?”
“Ok, talvez não um assassinato, mas que tal um pequeno delito?”
Ele pousou suas mãos no balcão e se inclinou para mais perto. “Não.” Seu tom havia mudado de humorado para insultado.
“Bom. É muito bom saber.” Eu me reposicionei no banco de bar, e senti a pele das minhas coxas escorregarem pelo banco. Eu estava suando. Se a regra número um do flerte era ‘sem listas sobre flerte’, eu tinha completa certeza que a número dois era ‘não sue’.
Eu consultei minha lista.
“Você sabe se o Joseph já teve alguma injunção? Ele tem um histórico de crime?” Eu suspeitava que o barman estava sentindo uma vibração ruim por minha parte, e decidi fazer todas as minhas perguntas rapidamente antes que ele me expulsasse do bar – ou pior, me despejasse do restaurante por assédio a informações restritas e comportamento suspeito. “Ele tem uma namorada?” Eu soltei.
“Vá perguntar a ele,” ele disse.
Eu pisquei. “Ele não está trabalhando esta noite.”
Ao sorriso do barman, meu estômago pareceu se revirar.
“Ele não está trabalhando hoje... está?” Eu perguntei, minha voz pulando uma oitava. “Ele deveria estar de folga nas terças!”
“Normalmente, sim. Mas ele está cobrindo por Benji. Benji está no hospital. Ruptura no apêndice.”
“Você quer dizer que o Joe está aqui? Agora?” Eu lancei um olhar por sobre meu ombro, passando a mão pela peruca para cobrir meu perfil enquanto escaneava a área de jantar atrás dele.
“Ele foi para a cozinha há alguns minutos.”
Eu já estava me atirando do banco do bar. “Eu acho que deixei o carro ligado. Mas foi bom falar com você!” Eu corri o mais rápido que pude até os banheiros.
Dentro do banheiro feminino eu fechei a porta atrás de mim, respirei profundamente algumas vezes com as minhas costas pressionadas na porta, e então andei até a pia e joguei água gelada no meu rosto. Joe descobriria que eu o havia espionado. Minha performance memorável garantia isso. Por um lado, isso era uma coisa ruim porque, bem, era humilhante. Mas quando eu pensava nisso, eu tinha que admitir o fato de que Joe era bem misterioso. Pessoas misteriosas não gostavam que sua vida pessoal fosse espionada e descoberta. Como ele reagiria quando descobrisse que eu estava o analisando com uma lupa de laboratório?
E agora eu me perguntava por que eu tinha vindo até aqui, afinal, já que bem no fundo eu não acreditava que Joe era o cara com a máscara de ski. Talvez ele guardasse segredos sombrios e perturbadores, mas correr por aí com uma máscara de ski não era um deles.
Eu fechei a torneira, e quando olhei para cima, o rosto de Joe estava refletido no espelho. Eu gritei e me virei.
Ele não estava sorrindo, e não parecia particularmente divertido.
“O que você está fazendo aqui?”, arfei.
“Eu trabalho aqui.”
“Eu quero dizer aqui. Não sabe ler? A placa na porta diz...”
“Eu estou começando a pensar que você está me seguindo. Toda vez que eu me viro, aí está você.”
“Eu queria levar a Miley para jantar,” eu expliquei. “Ela está no hospital.” Eu soava na defensiva. Eu tinha certeza que aquilo apenas me fazia parecer mais culpada. “Eu nunca sonhei que iria acabar me esbarrando em você. Hoje tinha que ser a sua noite de folga. E do que você está falando? Toda vez que eu me viro, aí está você.”
Os olhos de Joe eram afiados, intimidadores, extraidores. Eles calculavam cada palavra minha, cada movimento meu.
“Quer explicar o cabelo horrível?”, ele disse.
Eu arranquei a peruca da minha cabeça e a coloquei sobre a pia. “Quer explicar onde você estava? Você faltou os últimos dois dias de aula.”
Eu tinha quase certeza de que Joe não iria revelar por onde ele tinha andado, mas ele disse, “Jogando paintball. O que você estava fazendo no bar?”
“Conversando com o barman. Isso é um crime?” Apoiando uma mão contra o balcão, eu levantei um pé para desafivelar os saltos altos. Eu me inclinei para
o lado, e a lista de interrogação flutuou para fora do meu decote e pousou no chão.
Eu me joguei sobre os joelhos para pegá-la, mas Patch foi mais rápido. Ele segurou a lista acima da cabeça enquanto eu pulava para alcançá-la.
“Devolva-me isso!”, eu disse.
“Joe tem alguma ordem de restrição contra ele?”, ele leu. “Joe é um assassino?”
“Me... devolva...isso!” Eu assobiei furiosamente.
Joe soltou uma risada suave, e eu soube que ele havia passado para a próxima pergunta. “Joe tem uma namorada?”
Ele enfiou a lista em seu bolso traseiro. Eu estava seriamente tentada a pegá-la, ignorando sua localização.
Ele se inclinou sobre o balcão, nivelando nossos olhos. “Se você pretende sair por aí perguntando coisas sobre mim, eu preferiria que você me perguntasse.”
“Essas perguntas” – eu apontei com a cabeça para onde ele havia escondido a lista – “eram uma brincadeira. Miley as escreveu,” eu adicionei em um flash de inspiração. “É tudo culpa dela.”
“Eu conheço a sua caligrafia, Demi.”
“Bem, ok, ótimo,” eu comecei, procurando alguma resposta inteligente, mas eu demorei muito e perdi minha chance.
“Sem injunções,” ele disse. “Sem assassinatos.”
Eu levantei meu queixo. “Namorada?” Eu disse a mim mesma que eu não me importava com aquela resposta. Qualquer coisa estava ótimo para mim.
“Não é da sua conta.”
“Você tentou me beijar,” eu o lembrei. “Isso é da minha conta agora.”
A sombra de um pirata sorrindo surgiu em sua boca. Eu tive a impressão que ele estava repassando todo o pequeno detalhe daquele quase-beijo, incluindo meu suspiro-gemido-suspiro.
“Ex-namorada,” ele disse após um momento.
Meu estômago deu um salto quando de repente um pensamento surgiu em minha mente. E se a garota de Delphic e Victoria’s Secret fosse a ex de Joe? E se ela me viu falando com ele na arcada e – enganadamente – achou que havia muito mais coisa no nosso relacionamento? Se ela ainda fosse apaixonada por ele, fazia sentido que ela ficasse com ciúme suficiente para começar a me seguir. Algumas peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar...
E então Joe disse, “Mas ela não está mais por perto.”
“O que você quer dizer com isso?”
“Ela se foi. E não vai mais voltar.”
“Você quer dizer... que ela está morta?” Eu perguntei.
Joe não negou.
Meu estômago de repente ficou pesado e nauseado. Eu não esperava por isso. Joe teve uma namorada, e agora ela estava morta.
Alguém forçou a porta do banheiro, querendo abri-la. Eu tinha me esquecido que eu tinha trancado. O que me fez me perguntar como Joe conseguiu entrar ali. Ou ele tinha uma chave, ou havia outra explicação. Uma explicação na qual eu provavelmente não iria querer pensar, como passando sob a porta como ar. Como fumaça.
“Eu preciso voltar ao trabalho,” Joe disse. Ele me lançou um olhar de cima a baixo, demorando-se um pouco no meu quadril. “Saia de matar. Pernas perfeitas.”
Antes que eu pudesse formular qualquer pensamento coerente, ele estava passando pela porta.
A mulher esperando para entrar no banheiro me olhou, então olhou para Joe por sobre seus ombros, que estava desaparecendo pelo hall. “Querida,” ela me disse, “ele parece escorregadio como sabão.”
“Boa descrição,” eu murmurei.
Ela passou a mão por seu cabelo prateado curto. “Uma garota poderia escorregar em um sabão daqueles.”
Depois de recolocar as minhas próprias roupas, eu voltei à mesa e escorreguei no banco ao lado de Miley. Elliot checou o seu relógio e arqueou as sobrancelhas para mim.
“Desculpe ter demorado tanto,” eu disse. “Eu perdi alguma coisa?”
“Nada,” disse Miley. “Sempre a mesma coisa, sempre a mesma coisa.” Ela chutou o meu joelho, e a pergunta estava implícita. E então?
Antes que eu pudesse retornar o chute, Elliot disse, “Você perdeu a garçonete. Eu pedi burritos para você.” Um sorriso assustador surgiu nos cantos da sua boca.
Eu vi minha chance.
“Na verdade, eu não tenho certeza se eu estou a fim de comer.” Eu fiz uma expressão nauseada que não era completamente forçada. “Eu acho que peguei o que Jules tem.”
“Oh, cara,” Miley disse. “Você está bem?”
Eu balancei a cabeça.
“Eu vou procurar a nossa garçonete e pedir para embalar para a viagem,” Miley sugeriu, caçando as chaves do carro na bolsa.
“E quanto a mim?”, disse Elliot, parecendo apenas um pouco brincalhão.
“Fica pra próxima?”
Bingo, eu pensei.

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Boa noite pessoal
Preciso desabar... então, eu perdi o meu bebêzinho, meu celular ):
Ele morreu, minha mãe colocou na maquina de lavar junto com uma calça, então to desde ontem esperando ele secar ):
Minha vida depende dele e agora to sem, vou chorar :c
Obrigada Thais por estar sempre comentando aqui e tudo mais, adoro você <3
Até a próxima amores s2

19 de mai. de 2013

Capitulo 12


MEU CELULAR TOCOU NO MEU BOLSO, E, após confirmar que eu não estava sendo olhada de cara feia pela bibliotecária, eu atendi. “Mãe?”
“Boas notícias,” ela disse. “O leilão acabou cedo. Eu entrei na estrada uma hora mais cedo que o planejado e devo chegar logo em casa. Onde você está?”
“Oi! Eu não estava te esperando até mais tarde. Eu estou saindo da biblioteca. Como estava o norte de Nova York?”
“O norte de Nova York estava... comprido.” Ela riu, mas pareceu esgotada. “Mal posso esperar para te ver.”
Eu procurei ao redor por um relógio. Eu queria parar no hospital e ver a Miley antes de me dirigir para casa.
“É o seguinte,” eu disse à minha mãe. “Eu preciso visitar a Miley. Eu talvez me atrase alguns minutos. Eu irei me apressar... eu prometo.”
“É claro.” Eu detectei uma pequenina decepção. “Alguma novidade? Eu recebi sua mensagem essa manhã sobre a cirurgia dela.”
“A cirurgia acabou. Eles vão levá-la para um quarto particular a qualquer minuto agora.”
“Demi.” Eu ouvi a inflamação de emoção em sua voz. “Estou tão feliz por não ter sido você. Eu não poderia viver comigo mesma se algo acontecesse com você. Especialmente depois que o seu pai ...” Ela dissipou. “Só estou feliz por ambas estarmos seguras. Diga oi para a Miley por mim. Te vejo logo. Beijinhos e abraços.”
“Te amo, mãe.”
O Centro Médico Regional de Coldwater é uma estrutura de tijolos vermelhos de três andares com um passadiço coberto que leva à entrada principal. Eu passei pelas portas giratórias de vidro e parei na bancada principal para indagar sobre a Miley. Foi-me dito que ela foi deslocada para um quarto a meia hora, e que o horário de visita acabava em quinze minutos. Eu localizei os elevadores e apertei os botões para me mandar para um andar.
No quarto 207, eu empurrei a porta. “Miley?” eu atraí para dentro um buquê de balões atrás de mim, cruzei o pequeno vestíbulo, e encontrei a Miley reclinada na cama, seu braço esquerdo com gesso e erguido sobre seu corpo.
“Oi!” eu disse quando eu vi que ela estava acordada.
Miley expeliu um suspiro luxurioso. “Eu amo remédios. Sério. Eles são demais. Até melhores que um cappuccino Enzo. Ei, isso rimou. Cappuccino Enzo. É um
sinal. Estou destinada a ser uma poetisa. Quer ouvir outro poema? Sou boa de improviso.”
“Hãn...”
Uma enfermeira assobiou e arrumou o intra-venoso da Miley. “Está se sentindo bem?” ela perguntou à Miley.
“Esqueça ser uma poetisa,” Miley disse. “Estou destinada à comédia de stand-up. Toc, toc.”
“O quê?” eu disse.
A enfermeira rolou os olhos. “Quem é?”
“Garra,” disse a Miley.
“Garra quem?”
“Garra sua toalha, nós vamos para a praia.”
“Talvez um pouco menos de analgésicos,” eu disse à enfermeira.
“Tarde demais. Eu acabei de lhe dar outra dose. Espere até vê-la daqui a dez minutos.” Ela saiu pela porta assobiando.
“Então?” eu perguntei a Miley. “Qual o veredicto?”
“O veredicto? Meu médico é um bundão. Lembra muito um Oompa-Loompa. Não me olhe severamente. Da última vez que ele veio, ele começou a cantar Funky Chicken. E ele está sempre comendo chocolate. Na maior parte animais de chocolate. Você sabe os coelhinhos sólidos de chocolate que eles vendem na Páscoa? Foi isso que o Oompa-Loompa comeu de janta. Comeu um pato de chocolate no almoço com Peeps amarelo.”
“Eu quis dizer o veredicto…” eu apontei para a parafernália médica enfeitando-a.
“Ah. Um braço quebrado, uma concussão, e cortes, arranhões, e contusões sortidas. Felizmente, por causa dos meus reflexos rápidos, eu pulei para fora do caminho antes que algum dano maior fosse feito. Quando se trata de reflexos, eu sou como um gato. Eu sou a mulher gato. Eu sou invulnerável. A única razão por ele ter me acertado foi por causa da chuva. Gatos não gostam de água. Nos enfraquece. É a nossa kriptonita.”
“Eu sinto tanto,” eu disse à Miley sinceramente. “Devia ser eu na cama do hospital.”
“E ficar com todos os remédios? Uh-uh. De jeito nenhum.”
“A polícia achou alguma pista?” eu perguntei.
“Nada, necas, zero.”
“Nenhuma testemunha?”
“Nós estávamos em um cemitério no meio de uma tempestade,” Miley apontou.
“A maioria das pessoas normais estavam dentro de casa.”
Ela estava certa. A maioria das pessoas normais tinha estado dentro de casa. É claro, Miley e eu estávamos fora... junto com a garota misteriosa que seguiu Miley para fora da Victoria's Secret.
“Como aconteceu?” eu perguntei.
“Eu estava andando até o cemitério, como planejamos, quando de repente eu ouço passos chegando perto por trás de mim,” Miley explicou. “Foi quando eu olhei para trás, e foi tudo muito rápido. Houve o relampejo de uma arma, e ele dando o bote em mim. Como eu disse aos policias, meu cérebro não estava exatamente transmitindo, ‘Consiga uma identificação visual.’ Estava mais para, ‘Santa bizarrice, estou prestes a virar papinha!’ Ele rosnou, me bateu três ou quatro vezes com a arma, agarrou minha bolsa de mão, e correu.”
Eu estava mais confusa do que nunca. “Espera. Foi um cara? Você viu o rosto dele?”
“É claro que era um cara. Ele tinha olhos escuros... olhos de carvão. Mas foi tudo o que eu vi. Ele estava usando uma máscara de esqui.”
Na menção da máscara de esqui, meu coração agitou-se por diversas batidas. Era o mesmo cara que tinha pulado na frente do Neon, eu tinha certeza disso. Eu não tinha imaginado ele – Miley era a prova. Eu me lembrava de como toda a evidência da batida desaparecera. Talvez eu não tivesse imaginado essa parte tampouco. Esse cara, quem quer que fosse, era real. E ele estava por aí. Mas se eu não tinha imaginado o dano no Neon, o que realmente aconteceu naquela noite? A minha visão, ou minha memória, de algum jeito... tinha sido alterada? Após um momento, uma enorme quantidade de perguntas secundárias surgiu em mente. O que ele queria dessa vez? Ele estava conectado à garota do lado de fora da Victoria's Secret? Ele soubera que eu estava fazendo compras no pier? Usar uma máscara de esqui constituía em planejamento avançado, então ele deve ter sabido de antemão onde eu estaria. E ele não queria que eu reconhecesse seu rosto.
“Para quem você disse que iríamos fazer compras?” eu perguntei à Miley de repente.
Ela amassou um travesseiro atrás de seu pescoço, tentando ficar confortável. “Minha mãe.”
“Foi só? Ninguém mais?”
“Eu talvez tenha falado para o Elliot.”
Meu sangue pareceu parar de fluir repentinamente. “Você contou ao Elliot?”
“Qual o problema?”
“Tem algo que eu preciso de contar,” eu disse sobriamente. “Lembra da noite que eu levei o Neon para casa e acertei um veado?”
“Sim?” ela disse, franzindo a testa.
“Não foi um veado. Foi um cara. Um cara com máscara de esqui.”
“Cala a boca,” ela sussurrou. “Você está me dizendo que o ataque não foi aleatório? Você está dizendo que esse cara quer algo de mim? Não, espera. Ele quer algo de você. Eu estava usando a sua jaqueta. Ele achou que eu fosse você.”
Meu corpo todo pareceu chumbo.
Após uma contagem de silêncio, ela disse, “Você tem certeza de que não contou ao Joe sobre as compras? Porque, refletindo mais, eu acho que o cara tinha o complexo do Joe. Mais ou menos alto. Mais ou menos magro. Meio sexy, tirando a parte do ataque.”
“Os olhos do Joe não são da cor do carvão, eles são pretos,” eu apontei, mas eu estava desconfortavelmente ciente de que tinha dito ao Joe que faríamos compras no pier.
Miley levantou um ombro indecisa. “Talvez seus olhos fossem pretos. Eu não consigo me lembrar. Aconteceu realmente rápido. Eu posso ser específica quanto à arma,” ela disse auxiliadoramente. “Estava apontada para mim. Tipo, diretamente para mim.”
Eu empurrei algumas peças confusas pela minha mente. Se Joe tinha atacado a Miley, ele deve tê-la visto deixar a loja com o meu casaco e achou que fosse eu. Quando ele percebeu que estava seguindo a garota errada, ele acertou a Miley com a arma de raiva e desapareceu. O único problema era que eu não conseguia imaginar o Joe sendo bruto com a Miley. Não parecia certo. Além do mais, ele supostamente estava numa festa na costa à noite toda.
“O seu atacante parecia com o Elliot?” eu perguntei.
Eu observei a Miley absorver a pergunta. Qualquer remédio que lhe fora dado parecia diminuir seu processo de pensamento, e eu podia praticamente ouvir cada marcha em seu cérebro entrar em ação.
“Ele era cerca de nove quilos mais leve e dez centímetros mais alto para ser o Elliot.”
“Isso é culpa minha,” eu disse. “Eu nunca deveria ter deixado você sair daquela loja usando o meu casaco.”
“Eu sei que você não quer escutar isso,” disse a Miley, parecendo estar lutando contra um bocejo induzido por remédio. “Mas quanto mais eu penso nisso, mais similaridades eu vejo entre o Joe e o meu atacante. Mesmo complexo. Mesma passada longa. Pena o arquivo escolar dele estar vazio. Nós precisamos de um endereço. Nós precisamos achar uma avózinha crédula vizinha que pode ser persuadida a instalar uma webcam em sua janela e direcioná-la na casa dele. Porque algo no Joe simplesmente não é certo.”
“Você honestamente acha que o Joe poderia ter feito isso com você?” eu perguntei, ainda não convencida.
Miley mastigou seu lábio. “Eu acho que ele está escondendo algo. Algo grande.”
Eu não ia discordar disso.
Miley se afundou mais em sua cama. “Meu corpo está formigando. Eu me sinto bem por toda parte.”
“Nós não temos um endereço,” eu disse. “Mas nós sabemos onde ele trabalha.”
“Você está pensando o que eu estou pensando?” Miley perguntou, os olhos brilhando brevemente através da névoa de sedação química.
“Baseada em experiências passadas, eu espero que não.”
“A verdade é que você nós precisamos reciclar nossa habilidade de investigação,” disse a Miley. “Ou nós a usamos ou a perdemos, foi o que o Treinador disse. Nós precisamos descobrir mais sobre o passado do Joe. Ei, aposto que se a gente documentar, o Treinador até mesmo nos dará pontos extras.”
Altamente duvidoso, já que se a Miley estava envolvida, a investigação mais provavelmente daria uma guinada ilegal. Para não mencionar que esse trabalho particular de investigação não tinha nada a ver com biologia. Nem remotamente.
O leve sorriso que Miley tinha tirado de mim se dissipou. Por mais divertido que fosse ficar despreocupado quanto à situação, eu estava apavorada. O cara com a máscara de esqui estava lá fora, planejando seu próximo ataque. Meio que fazia sentido que o Joe pudesse saber o que estava acontecendo. O cara com a máscara de esqui pulou na frente do Neon no dia em que o Joe se tornou meu parceiro de biologia. Talvez isso não fosse uma coincidência.
Bem então uma enfermeira enfiou sua cabeça dentro da porta. “São oito horas,” ela me disse, batendo em seu relógio. “O horário de visita acabou.”
“Eu já sairei,” eu disse.
Assim que seus passos se dissiparam no corredor, eu fechei a porta do quarto da Miley. Eu queria privacidade antes de contar a ela sobre a investigação de assassinato cercando o Elliot. Contudo, quando eu voltei para a cama da Miley, estava aparente que sua medicação tinha surtido efeito.
“Aqui vem,” ela disse com uma expressão de pura alegria. “Corrente de remédios... a qualquer momento agora... a onda de calor... tchauzinho, Sr. Dor...”
“Miley –”
“Toc, toc.”
“Isso é realmente importante –”
“Toc, toc.”
“É sobre o Elliot –”
“Toc, tooooc,” ela disse numa voz cantante.
Eu suspirei. “Quem é?”
“Bu.”
“Bu quem?”
“Buá, alguém está chorando, e não sou eu!” Ela caiu numa risada histérica.
Percebendo que era inútil forçar o assunto, eu disse, “Me liga amanhã após ser liberada.” Eu abri a minha mochila. “Antes que eu esqueça, eu trouxe a sua lição de casa. Onde quer que eu a coloque?”
Ela apontou para a lata de lixo. “Bem ali estará bom.”
Eu coloquei o Fiat na garagem e guardei as chaves no bolso. No céu faltaram estrelas na viagem para a casa, e como previsto, uma chuva leve começou a cair. Eu puxei a porta da garagem, abaixando-a ao chão e trancando. Eu entrei na cozinha. Uma luz estava acesa em algum lugar do andar de cima, e um instante mais tarde minha mãe veio correndo pelas escadas e jogou seus braços ao meu redor.
Minha mãe tinha cabelos pretos ondulados e olhos verdes. Ela é dois centímetros menor que eu, mas compartilhamos a mesma estrutura dos ossos. Ela sempre cheira a Love, do Ralph Lauren.
“Estou tão feliz por você estar salva,” ela disse, apertando-me forte.
Mais ou menos salva, eu pensei.

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Até o próximo amores <3

15 de mai. de 2013

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É isso, comentem. Boa noite, beijos <3

Capítulo 11


segunda-feira passou confusamente. Eu fui de aula para aula esperando pelo sino final do dia. Eu liguei para o hospital antes da escola e fui informada que Miley estava indo para a Sala Cirúrgica. Seu braço esquerdo fora quebrado durante o ataque e já que o osso não estava alinhado, ela precisava de cirurgia. Eu queria vê-la, mas não podia até o entardecer, quando a anestesia passasse e os funcionários do hospital movessem-na para seu próprio quarto. Era especialmente importante que eu ouvisse sua versão do ataque antes que esquecesse dos detalhes ou enfeitasse-os. Qualquer coisa que ela lembrasse que pudesse preencher a imagem e me ajudar a descobrir quem havia feito isso.
A medida que as horas se esticavam pela tarde, meu foco mudou da Miley para a garota do lado de fora da Victoria’s Secret. Quem era ela? O que ela queria? Talvez fosse uma coincidência pertubadora Miley ter sido atacada minutos após eu observar a garota segui-la, mas meus instintos discordavam. Eu desejava ter uma imagem melhor de como ela era. O moletom largo com capuz e a calça jeans, junto com a chuva, fizeram um bom trabalho em disfarçá-la. Pelo que eu sabia, podia ter sido a Taylor Swift. Mas no fundo não parecia a pessoa certa.
Eu passei no meu armário para pegar meu livro de texto, então me dirigi para minha última aula. Eu entrei para encontrar a cadeira do Joe vazia. Tipicamente, ele chegava no último momento possível, empatado com o sinal de atraso, mas o sinal tocou e o treinador tomou seu lugar no quadro negro e começou a lecionar sobre equilíbrio.
Eu ponderei sobre a cadeira vazia do Joe. Uma minúscula voz no fundo da minha cabeça especulava que sua falta pudesse estar conectada ao ataque da Miley. Era um pouco estranho ele faltar na manhã seguinte. E eu não conseguia esquecer o frio gelado que tinha sentido momentos antes de olhar para fora da Victoria’s Secret e perceber que estava sendo observada. Em todas as outras vezes que me sentia dessa maneira, era porque Joe estava próximo.
A voz da razão rapidamente extinguiu o envolvimento do Joe. Ele podia ter pego um resfriado. Ou ele podia ter ficado sem gasolina a caminho da escola e estava encalhado a quilômetros de distancia. Ou talvez houvesse um jogo de sinuca com apostas altas acontecendo na Bo’s Arcade e ele achava que era mais lucrativo que uma tarde passada aprendendo as complexidades do corpo humano.
No fim da aula, o Treinador me parou a caminho da porta.
“Espere um minuto, Demi.”
Eu me virei e puxei minha mochila sobre meu ombro. “Sim?”
Ele estendeu um pedaço dobrado de papel. “A Senhorita Greene deu uma passada antes da aula e me pediu para te dar isso,” ele disse.
Eu aceitei o bilhete. “Senhorita Greene?” Eu não tinha nenhuma professora com esse nome.
“A nova psicóloga da escola. Ela acabou de substituir o Dr. Hendrickson.”
Eu desdobrei o bilhete e li a mensagem rabiscada.
Querida Demi,
Eu tomarei o papel do Dr. Hendrickson como sua psicóloga escolar. Eu notei que você faltou nas suas duas últimas consultas com o Dr. H. Por favor, venha logo, para que possamos nos conhecer. Eu enviei uma carta para sua mãe para deixá-la ciente da mudança.
Tudo de bom,
Senhorita Greene.
“Obrigada,” eu disse ao Treinador, dobrando o bilhete até ficar pequeno o bastante para enfiar dentro do meu bolso.
No corredor eu me misturei com o fluxo da multidão. Não tinha mais como evitar agora – eu tinha que ir. Eu guiei pelos corredores até que conseguisse ver a porta fechada do escritório do Dr. Hendrickson. Como previsto, havia uma placa com um novo nome na porta. O latão polido brilhava contra a porta de carvalho acastanhado: SENHORITA A. GREENE, PSICÓLOGA ESCOLAR.
Eu bati na porta, e um momento mais tarde ela se abriu de dentro. Senhorita Greene tinha uma pele pálida perfeita, olhos azuis marítimos, uma boca luxuriante, e um cabelo loiro fino e liso que caia abaixo de seus cotovelos. Estava partido no meio de seu rosto oval. Um óculos turquesa de olho de gato estava na ponta de seu nariz, e ela estava vestida formalmente com uma saia-lápis com um padrão ziguezague cinza. Ela não devia ter mais que cinco anos a mais que eu.
 “Você deve ser Demetria Lovato. Você parece exatamente como na foto em seu arquivo.” Ela disse, dando um firme estímulo em minha mão. Sua voz era abrupta, mas não rude. De negócios. Recuando, ela sinalizou para que eu entrasse no escritório.
“Posso te servir suco, água?” ela perguntou.
“O que aconteceu com o Dr. Hendrickson?”
“Ele se aposentou mais cedo. Eu estava de olho nesse trabalho por um tempo, então aceitei a oportunidade. Eu freqüentei a Florida State, mas cresci em Portland, e meus pais ainda moram lá. É bom estar perto da família novamente.”
Eu vasculhei o pequeno escritório. Tinha mudado drasticamente desde a última vez que estive aqui, há algumas semanas. As estantes de livro de parede a parede estavam agora cheias de livros de capa dura acadêmicos, mas genéricos, todos encadernados em cores neutras com letras douradas. O Dr. Hendrickson tinha usado as estantes para mostrar fotos da família, mas não havia fotos instantâneas da vida partículas da Senhorita Greene. A mesma samambaia pendia da janela, mas sob os cuidados do Dr. Hendrickson, ela fora bem mais marrom do que verde. Alguns dias com a Senhorita Greene e já parecia alegre e viva. Havia uma cadeira rosa de paislei exposta à mesa, e diversas caixas de mudança empilhadas no canto distante.
“Sexta foi meu primeiro dia,” ela explicou, vendo meus olhos caindo nas caixas de mudança. “Ainda estou desempacotando. Sente-se.”
Eu abaixei minha mochila pelo meu braço e me sentei na cadeira de paislei. Nada no pequeno cômodo dava pistas sobre a personalidade da Srt. Greene. Ela tinha uma pilha de pastas de arquivos em sua mesa – não organizada, mas não bagunçada, tampouco – e uma caneca branca do que parecia ser chá. Não havia um traço de perfume ou de perfurmador de ar. O monitor de seu computador estava desligado.
A Senhorita Greene se agachou atrás de um gabinete de arquivos atrás de sua mesa, enfiou um arquivo de papel manilha claro, e escreveu na aba em letra de imprensa com uma caneta esferográfica preta. Ela o colocou em sua mesa próxima ao meu antigo arquivo, que levava algumas manchas da caneca de café do Dr. Hendrickson.
“Eu passei o final de semana inteiro vendo os arquivos do Dr. Hendrickson,” ela disse. “Entre nós, a caligrafia dele me dá enxaqueca, então estou copiando todos os arquivos. Fiquei surpresa ao descobrir eu ele não usava o computador para digitar suas notas. Quem ainda usa letra cursiva atualmente?”
Ela se assentou de volta em sua cadeira de rotação, cruzou suas pernas, e sorriu educadamente para mim. “Bom. Por que não me conta um pouco sobre a história das suas consultas com o Dr. Hendrickson. Eu mal consegui decifrar suas notas. Parece que vocês dois estavam discutindo como você se sente sobre o novo trabalho da sua mãe.”
“Não é tão novo assim. Ela está trabalhando faz um ano.”
“Ela costumava ser dona de casa, correto? E após a morte do seu pai, ela pegou um trabalho de tempo integral.” Ela espreitou os olhos para uma folha de papel no meu arquivo. “Ela trabalha para uma companhia de leilões, correto? Parece que ela coordena leilões imobiliários por toda a costa.” Ela me espiou por cima do óculos. “Isso deve requerer bastante tempo longe de casa.”
“Nós queríamos ficar na nossa casa da fazenda,” eu disse, meu tom beirando o defensivo. “Não podíamos bancar a hipoteca se ela pegasse um trabalho local.” Eu não tinha exatamente amado minhas sessões com o Dr. Hendrickson, mas eu me encontrei sentindo ressentimento por ele ter se aposentado e me abandonado com a Senhorita Greene. Eu estava começando perceber a dela, e ela parecia atenta a detalhes. Eu a senti se coçando para escavar cada canto obscuro da minha vida.
“Sim, mas você deve ficar bem solitária sozinha na casa da fazenda.”
“Nós temos uma governanta que fica comigo todas as tardes até as nove ou dez da noite.”
“Mas uma governanta não é o mesmo que uma mãe.”
Eu espio a porta. Eu nem tentei ser discreta.
“Você tem uma melhor amiga? Um namorado? Alguém com quem possa falar quando sua governanta não é bem... apropriada para a questão?” Ela afundou um saquinho de chá na caneca, então a levantou para tomar um gole.
Suas sobrancelhas levantaram-se perpendicularmente. “Namorado?”
“Não.”
“Você é uma garota atraente. Eu imagino que deve haver algum interesse do sexo oposto.”
“É o seguinte,” eu disse tão pacientemente quanto possível. “Eu realmente aprecio você estar tentando me ajudar, mas eu tive essa mesma conversa com o Dr. Hendrickson há um ano quando meu pai morreu. Reprocessá-la com você não irá ajudar. É como voltar no tempo e viver tudo de novo. Sim, foi trágico e horrível, e ainda estou lidando com isso todos os dias, mas o que eu realmente preciso é seguir em frente.”
O relógio na parede tiquetaqueou entre nós.
“Bem,” a Senhorita Greene disse por fim, emplastando um sorriso. “É muito prestativo conhecer o seu ponto de vista, Demi. Que era o que eu estava tentando entender o tempo todo. Eu anotarei os seus sentimentos no seu arquivo. Algo mais sobre o que gostaria de falar?”
“Nada.” Eu sorri para confirmar que, realmente, eu estava bem.
Ela folheou mais algumas páginas do meu arquivo. Eu não fazia ideia de que observações o Dr. Hendrickson tinha imortalizado ali, e eu não queria esperar tempo o bastante para descobrir.
Eu levantei minha mochila do chão e movi para a beirada da cadeira. “Eu não quero encurtar as coisas, mas eu preciso estar em um lugar as quatro.”
“Ah?”
Eu não tinha vontade alguma de entrar no assunto do ataque da Miley com a Senhorita Greene. “Pesquisa na biblioteca,” eu menti.
“Para que aula?”
Eu disse a primeira resposta que apareceu na minha mente. “Biologia.”
“Falando em aulas, como as suas estão? Alguma preocupação nesse departamento?”
“Não.”
Ela folheou mais algumas páginas no meu arquivo. “Notas excelentes,” ela observou. “Diz aqui que você está dando aulas particulares para o seu parceiro de biologia, Joseph Jonas.” Ela olhou para cima, aparentemente querendo a minha confirmação.
Eu fiquei surpresa da minha tarefa de dar aulas particulares ser importante o bastante para ir parar no arquivo da psicóloga escolar. “Até então não conseguimos nos encontrar. Horários conflitantes.” Eu dei de ombros, do tipo O que se pode fazer?
Ela deu um tapinha em meu arquivo na sua mesa, arrumando todas as folhas soltas de papel em uma pilha arrumada, então inseriu-o no novo arquivo que ela tinha etiquetado a mão. “Para te avisar de antemão, vou falar com o Sr. McConaughy e ajustar alguns parâmetros para as suas sessões de aula particular. Eu gostaria que todos os encontros fossem feitos aqui na escola, sob a supervisão direta de um professor ou membro da escola. Eu não quero você dando aulas particulares para o Joseph fora da propriedade da escola. Eu especialmente não quero que vocês dois se encontrem sozinhos.”
Um calafrio andou na ponta dos pés pela minha pele. “Por quê? O que está acontecendo?”
“Não posso discutir isso.”
A única razão que eu conseguia pensar no por que dela não me querer sozinha com o Joe era porque ele era perigoso.Meu passado pode assustá-la, ele tinha dito na plataforma de embarque do Arcanjo.
“Obrigada por seu tempo. Não vou te segurar mais.” A Senhorita Greene disse. Ela caminhou até a porta, segurando-a aberta com seu delgado quadril. Ela deu um sorriso de despedida, mas parecia perfunctório.
Após deixar o escritório da Senhorita Greene, eu liguei para o hospital. A cirurgia da Miley tinha acabado, mas ela ainda estava na sala de recuperação e não podia ter visitas até as sete da noite. Eu consultei o relógio no meu celular. Três horas. Eu achei o Fiat no estacionamento dos estudantes e entrei nele, esperando que uma tarde fazendo tarefa de casa na biblioteca mantivesse minha mente longe da longa espera.
Eu fiquei na biblioteca pela tarde toda, e antes que eu percebesse, o relógio na parede tinha passado silenciosamente para a noite. Meu estômago retumbou contra a quietude da biblioteca, e meus pensamentos foram para a máquina de comida bem do lado de dentro da entrada.
A última parte da minha tarefa de casa podia esperar até mais tarde, mas havia ainda um projeto que requeria a ajuda de recursos da biblioteca. Eu tinha um computador IBM vintage em casa com uma conexão de internet discada, e eu tipicamente tentando me poupar de um monte de gritaria e puxação de cabelo usando o computador do laboratório da biblioteca. Eu tinha uma resenha teatral de Otelo com prazo para estar na mesa do editor do eZine às nove da noite, e eu fiz um trato comigo mesma, prometendo caçar comida assim que terminasse com ela. Empacotando meus pertences, eu andei até o elevador. Dentro da caixa eu apertei o botão para fechar as portas, mas não requisitei imediatamente um andar. Eu puxei meu celular e liguei para o hospital novamente.
“Oi,” eu disse à enfermeira que atendeu. “Minha amiga está se recuperando de uma cirurgia, e quando eu chequei mais cedo essa tarde, foi-me dito que ela sairia hoje à noite. Seu nome é Miley Cyrus.”
Houve uma pausa e o clique de teclas do computador. “Parece que vão levá-la para um quarto particular dentro dessa hora.”
“Que horas o tempo de visita acaba?”
“Oito.”
“Obrigada.” Eu desliguei e pressionei o botão do terceiro andar, mandando-me para cima. No terceiro andar, eu segui as placas para as coleções, esperando que se lesse diversas resenhas de teatro no jornal local, isso estimularia minha fonte de inspiração.
“Com licença,” eu disse para a bibliotecária atrás da mesa de coleções. “Estou tentando achar cópias do Portland Press Herald do ano passado. Particularmente o guia de teatro.”
“Não temos nada tão atual nas coleções,” ela disse, “mas se procurar na internet, eu acredito que o Portland Press Herald mantenha arquivos em seu site. Dirija-se direto pelo corredor atrás de você e verá o laboratório de mídia à sua esquerda.”
Dentro do laboratório, eu acessei um computador. Eu estava prestes a mergulhar na minha tarefa, quando uma ideia me atingiu. Eu não conseguia acreditar que não tinha pensado nisso antes. Após confirmar que ninguém estava observando sobre o meu ombro, eu digitei “Joseph Jonas” no Google. Talvez eu encontrasse um artigo que iluminasse seu passado. Ou talvez ele mantivesse um blog.
Eu franzi a testa para os resultados de busca. Nada. Nada de Facebook, nada de MySpace, nada de blog. Era como se ele nem existisse.
“Qual a sua história, Joe?” eu murmurei. “Quem é você... de verdade?”
Meia hora mais tarde, eu tinha lido diversas resenhas e meus olhos estavam vidrados. Eu ampliei minha pesquisa online para todos os jornais de Maine. Um link para o jornal escolar da Kinghorn Prep apareceu. Alguns segundos se passaram antes que eu identificasse o nome familiar. Por um capricho, eu decidi checar. Se a escola era de elite como Elliot clamava ser, provavelmente tinha um jornal respeitável.Eu cliquei no link, voltei até a página de arquivos, e escolhi randomicamente 10 de fevereiro desse ano. Um instante depois eu tinha uma manchete.
ESTUDANTE QUESTIONADO POR ASSASSINATO NA KINGHORN PREP
Eu puxei minha cadeira mais para perto, atraída pela ideia de ler algo mais excitante que resenhas teatrais. Um estudante de dezesseis anos da Kinghorn Prep, que foi questionado pela polícia no que foi batizado de “O Cingido da Kinghorn” foi liberado sem acusações. Após o corpo de Kjirsten Halverson, de dezoito anos, ter sido encontrado pendurada de uma árvore no bosque do campus da Kinghorn Prep, a polícia questionou Elliot Saunders, do segundo ano, que foi visto com a vítima na noite de sua morte. Minha mente foi devagar em processar a informação. Elliot foi investigado como parte de uma investigação de assassinato? Halverson trabalhava como garçonete no Blind Joe’s. A polícia confirmou que Halverson e Saunders foram vistos andando pelo campus juntos tarde de sábado a noite. O corpo de Halverson foi descoberto na manhã de domingo, e Saunders foi liberado na tarde de domingo após um bilhete de suicídio ter sido descoberto no apartamento de Halverton.
“Achou alguma coisa interessante?”
Eu pulei ao som da voz de Elliot atrás de mim. Eu girei, encontrando-o reclinado contra a ombreira da porta. Seus olhos estavam estreitados ligeiramente, sua boca ajustada em uma linha. Algo frio fluiu por mim, como um rubor, só que ao contrário. Eu virei minha cadeira ligeiramente para a direita, tentando me posicionar na frente do monitor do computador. “Eu só... eu só estou terminando a lição de casa. E quanto a você? O que você está fazendo? Eu não te escutei entrar. Há quanto tempo você está parado aí?” Meu tom estava descontrolado.
Elliot se afastou da ombreira da porta e entrou no laboratório. Eu apalpei cegamente atrás de mim o botão de ligar/desligar do monitor.
Eu disse, “Estou tentando acelerar minha inspiração numa resenha de teatro que devo entregar para o meu editor mais tarde hoje à noite.” Eu ainda estava falando rápido demais. Onde estava o botão?
Elliot espiou ao meu redor. “Resenhas teatrais?”
Meus dedos apertaram um botão, eu ouvi o monitor ficar preto. “Perdão, o que você disse que estava fazendo aqui?”
“Eu estava andando quando te vi. Algo errado? Você parece... nervosa.”
“Hãn... glicose baixa.” Eu varri meus papéis e livros em uma pilha e joguei-os dentro da minha mochila. “Eu não comi desde o almoço.”
Elliot fisgou uma cadeira próxima e a girou para perto da minha. Ele sentou-se de costas nela e se aproximou, invadindo meu espaço pessoal. “Talvez eu possa ajudar com a resenha.”
Eu me inclinei para longe. “Uau, isso é muita bondade sua, mas eu vou encerrar por hoje. Eu preciso pegar algo para comer. É uma boa hora para dar um tempo.”
“Deixe-me te levar para jantar,” ele disse. “Não tem uma lanchonete bem na esquina?”
“Obrigada, mas minha mãe ficará me esperando. Ela esteve fora da cidade a semana toda e volta hoje à noite.” Eu me levantei e tentei contorná-lo. Ele estendeu seu celular, e ele me acertou no umbigo.
“Liga para ela.”
Eu abaixei meu olhar para o telefone e lutei por uma desculpa. “Não posso sair em noites de semana.”
“Isso se chama mentir, Demi. Diga à ela que sua lição de casa está demorando mais que o esperado. Diga à ela que você precisa de mais uma hora na biblioteca. Ela não vai saber a diferença.”
A voz do Elliot tinha assumido um tom que eu nunca ouvira antes. Seus olhos azuis tinham a energia de uma frieza recém-descoberta, sua boca parecia mais fina.
“Minha mãe não gosta que eu saia com caras que ela não conheceu,” eu disse.
Elliot sorriu, mas não havia calor. “Nós dois sabemos que você não se preocupa muito com as regras da sua mãe, já que sábado a noite você estava comigo no Delphic.”
Eu estava com a minha mochila tombada em um ombro, e eu estava agarrando a alça. Eu não disse nada. Eu passei encostando no Elliot e saí do laboratório apressada, percebendo que se ele ligasse o monitor, ele veria o artigo. Mas não havia nada que eu pudesse fazer agora. Na metade do caminho até a mesa das coleções, eu ousei olhar sobre o meu ombro. As paredes de vidro mostravam que o laboratório estava vazio. Elliot não estava em lugar algum. Eu refiz meus passos até o computador, mantendo meus olhos atentos no caso dele reaparecer. Eu liguei o monitor; o artigo de investigação de assassinato ainda estava aberto. Enviando uma cópia para a impressora mais próxima, eu a enfiei dentro do meu encadernador, fiz logoff, e me apressei em sair. 

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Boa noite gente 
E ai, oque acharam do novo layout? é da minha linda .Thαis do Empire Jemi, achei ele muito cute, serião euaheuah
Acho que vai demorar mais um pouquinho pra postar e tal, esse era meu ultimo capiulo que tinha já preparado. Mudei tambem a personagem da Selena, que agora é Taylor, a rival da Demi auehah. Enfim, é isso. Beijos e até mais <3